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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O poeta dorme


Quando, questiono,
poetizo,
não restam dúvidas,
silencio-me.

O poeta deitou-se
com a pena a seu lado,
e rasgou em mil pedaços
as brancas folhas,
do que poderia, ainda, se quisesse,
ser escrito,
e espalhou-as sobre o leito da noite,
como lençol de tantas vidas, por compor,
onde se forçou a adormecer,
atormentado por tanta impiedade,
sem vontade de, cedo, despertar.

Ninguém sabe
quanto dura o sono do poeta.
Poderá até, não mais acordar.

Resta o que questionou,
para que seja questionável.

O poeta dorme,
com ou sem poesia.

(De)caída


Não gosto de te ver (de)caída,
por tanto de atirares ao chão.
Nas birras,que teatralizas, e bem,
há quem fora indesejada,
uma criança, completamente só,
que tudo quer, mas nunca sabendo,
o que de cada coisa fazer.
Uma princesa paupérrima,
sem castelo, nem palácios,
que a queiram e guardem,
sem beleza que encante
cavaleiro de sonho,
sem dote que a valorize
nem jóias de vida,
que lhe adornem a alma,
sem reino, em alucinações prometido,
sem súbitos que a adorem e sirvam,
nem amigo que a estime...
Quem humildemente nasceu
e só com essa virtude
poderá, quiçá, um dia reinar
no mundo dos belos.

Não gosto de te ver (de)caída
fingindo de vítima
ou ser a glória,
quando te encharcas
na lama do desespero.

Anafada, como moeda de troca,
ao ouro que se vingou,
esperas o perdão do tempo.

Apenas, Um


Nem sempre luto
com o que se me apresenta,
mas com o que julgo desconhecer
e, que desde sempre, me habita,
mesmo muito antes de mim, agora.
É um guerrear dissemelhante,
que deveria não mais enaltecer,
para que me não falte pujança,
e constantemente me vença.
Mas há tanto que me aparta
e inibe à lucidez que apazigúe.
Preciso de água;
que um rio me banhe a alma
e de mim expurgue
esta terra rochosa,
resistente à erosão da esperança.

Tudo depende de como se lê
e sente o que se vê.
Nem sempre está nas minhas mãos
o poder, para mudar a tristeza
que o mundo pesa.

Serei capaz!
Quero ser capaz,
de aceitar todo(s) o(s) Eu(s),
que comigo, constantemente, se cruza(m),
me afronta(m) e desafia(m), ao amanhã,
até que outro, que me espera,
no fim dos fins,
de que nunca me lembro,
mas experimento-o, sempre presente,
ao desenho desta história,
e deste ser de todos,
apenas Um.

Conheço-te


Conheço-te mais,
possivelmente, do que a mim,
para que me enganes,
mesmo que te convenças de tão puro.
Não é no que me dizes
que te revelas;
quanto mais peças, me deres,
mais sentido fará o puzzle.

Conheço-te tão bem
que te adivinho,
antes mesmo que te apercebas,
de desejares
o que te compense,
e o instinto te propõe.

Conheço-te tão bem,
que me confundo
e por vezes, me (des)(re)conheço.

Há quem se esconda...


Há quem se esconda,
em silêncio,
de suas próprias mentiras,
para se contrariar
à certeza dos outros,
ou exagere,
enaltecendo-se de virtudes,
para, sem querer,
justificar todas as inverdades.

A importância que se dá
ao que fere
e se rejeita,
tem a dimensão
do que está fora de domínio
e por resolver.

Tudo faz sentido,
mesmo quando se age
como nunca, convictamente,
se imaginou.
Preferir o caminho errado,
é morrer em si,
ou não voltar a trás.

Querer quem, cegamente,
se procura,
para que se compense
do que em si jamais sentiu,
faz do predador,
vítima sem posses, falida,
e do infeliz sonhador,
um falso herói;
a inconsistência
de toda a ilusão.
Sem nunca saber hora certa,
do que lhe cabe
e pertence experimentar,
para que não tarda,
crescer,
e ser,
e tudo, em si,
ainda, despertar.

domingo, 19 de setembro de 2010

Ladra, cadela, ladra!











Ladra, cadela, ladra!

No cio da ambição
copulas com os cães
da fortuna,
sem faro às soluções.

Persistes em nos estontear,
girando em fechados círculos.

Não há trela,
que te guie a bom caminho,
nem açaime,
que nos controle a raiva.

Já foste em tempos,
de imaginárias vacas-gordas,
satirizada
de a grande porca
(onde todos mamam),
e poderias, agora,
ser coqueluche
usando alma-cheia
de gente viva e feliz,
em vez de presunçosa rafeira,
sem matilha que a honre.

E as crias vão-te morrendo
sem que já haja berço pátria,
e te valham as tetas;
parecendo enormes,
estão mais que secas,
pela desvergonha de alguns.

O osso é mais difícil de roer,
depois de comida toda a carne.

Ladra, cadela, ladra,
que é a vida que nos morde!

Umbigo


Invejas a coragem
a quem é,
o que não és,
e possui,
e nunca serás capaz.
Olha para ti,
e mede-te,
e não para o teu enorme
e feio umbigo.

A idade...


Não é dura a realidade da vida,
mas, antes, e complexa, a da natureza;
de toda a natureza!
A vida (re)cria-se de (im)perfeição,
a natureza é exacta e (re)criativa.

Deverá o Homem aceitar o caminho
que o leva a Deus,
não mais, O (re)inventando,
aprisionado em si,
erradamente,
cristalizado;
contra-natura.

A idade adulta da consciência
é alcançada,
depois de se ter mais de cinco vidas,
mas melhor, e possível,
será vivê-las
em uma só.
Esta não é a realidade da vida
mas, provavelmente a da natureza
e inteligência.

Tenho idade de vida.
Não sei se terei outra,
ou lá chegarei.

Quero mais uns dias


Todas as cores estão comprometidas,
presas no silêncio.
E o negro se abate
sobre este Mar de tantas esperanças.
E ouvem-se amarguradas vozes,
clamando por equidade.
E na grande Praia
jaz uma multidão
esquecida de tantos séculos
e renascer.

Não quero outono
que se complete,
nem inverno,
em que apodreça.
Quero mais uns dias,
somente, mais uns dias,
para que se quebre este sortilégio
de ignorância
e veja finalmente, a lucidez
dos homens bons
como vitoriosa.

Nada acaba...


Nada acaba aqui,
mas como sempre,
e em tudo,
há mais um (re)começo,
do que o fim.

O mar é gigantesco,
mas tem limites
e uma infinidade de portos,
e o barqueiro não deve ter mais pressa,
do que, o que navegue,
sobre as ondas de cada segundo,
ao sabor de, o que o céu indica,
e tanto azul que às águas dá,
e que lhe soprará de feição;
ventanias gravadas de liberdade.
E que tudo o leve até à ilha
de todo o amor,
bem lá no fundo (e)terno de si.

Não pode...


Não pode alguém saber tanto,
quando se encarcera
a ser tão pouco.

A vida não tem preço
e só se vende
quem desconhece
o seu valor.

Humilde condição


Sinto-me repartido
entre o Ideal
e a Terra,
por tanta discordância...
Não sei mais onde procurar
para que me encontre.
Isto de, constantemente me inquirir, pensar,
leva-me para tão longe,
sem que mais entenda,
e pretender ser grande e especial,
faz com que me esqueça, facilmente,
de como nasci.
Não vale a pena ir
para onde não sou,
e sofra,
e me desiluda,
por esta humilde condição.
Caiba-me na casa
tudo o que herdei
e queira ter vontade
de trabalhar o(s) caminho(s),
para que me baste
e complete.

sábado, 18 de setembro de 2010

Honra...


Honra todos os teus antepassados
e nunca responsabilizes por tua vida,
teus mais directos progenitores.
Humildemente, regracia-lhes
o portento de tua existência.
Se tiveres notícia
de todos os teus predecessores
talvez, mais facilmente, desbraves
o futuro que há em ti,
por evoluir,desde sempre,
e combatas com a espontaneidade da afeição
a cultura do instinto.