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sexta-feira, 18 de março de 2011

Os filhos são meus



Foram meus,
tão-somente, enquanto por mim criados
e têm de mim o amor que lhes (in)vesti
e ser-lhes-ei sempre, uma das naturezas mais próximas,
o tronco forte à proliferação no desejo maior de me perpetuar,
a sua sorte,
também eu,
e a individualidade,
o que se pretende tão livre,
como grandioso…

Mas, se a terra me escondeu do pomo
não me fez menos criador,
concebeu em silêncio o fruto de seu (des)amor.

Os filhos são meus
tão-somente enquanto crio.
Depois, são de ninguém,
fazem parte do infinito,
mas nunca deixarei de lhes ser,
e também co-autor,
sempre hoje e aqui.


Poema "Os filhos são meus" dedicado ao Dia do Pai!

Desinteressante



Não sei se sou desinteressante,
e a hora é tarde,
ou estão os outros desinteressados,
mesmo que tarde seja, para a hora certa,
ou a minha insuficiência anseia por mais,
que me consiga ainda levantar, ter descanso...
E haja ninguém que me seja no que falta,
ou queiram muitos o mesmo que eu,
e vivamos incompletos sem medida, nem tempo,
e quem sem querer nos queira
por que o que não nos sobeja
não abundará por aí, certamente,
como milésimos de segundo
e assim o que aparentemente interessa,
quase sempre é desinteressante,
(como eu),
até que se descubra o essencial e dê inteiro, devagar,
sem que constantemente se retroceda, e erre,
e force demasiado os ponteiros de todas as horas,
e eles se desfaçam, para sempre,
como nós,
mais tempo,
menos tempo.

quarta-feira, 2 de março de 2011

O já



Não devo obedecer ao redutor medo,
nem ser convencido por desmesurado optimismo,
ser filho deste incestuoso casamento com o mundo,
nem, pactuar, por sombras, com tamanha ancestralidade;
a ambição do poder que elege ao nada,
movida pelo desejo mais profundo de tudo,
o desassossego de revolta;
o vento que sopra diferente
e profana a instituída quietude.
O grande ideal,
que se consome no inatingível,
dissolve o chão, com o mar
e apaga o céu, com negra núvem,
das Inverdades.

A existência é o já,
por que longe de mais está tudo
o que acontece, agora
e nada poderei inovar, senão, me continuar,
sem que abone o que me resulta lá fora.

Caminhos



Se mostro caminhos
e os sei,
é porque os conheço;
percorro todos.
Não que me disperse,
mas para que siga, esses,
que faço,
como meus.

Por que escrevo?



Por que escrevo?
Faço-o, para que me ledes,
sejais cúmplices deste meu engano
ou me ouça,
quando alucino
e me entupo a construir cantos.
E repito-me, infinitamente, entre mim
e outros que me invento,
mas, existem,
vestidos apenas de outras palavras,
achando que me procuro,
uno mais a mim,
e verso,
quando me invento à fuga
e desfaleço.

É bem mais forte poetar
do que, beber de um só trago
um grande bagaço,
ou fumar um grosso charro!...

Histórias



Todas as histórias são curtas.
Mas quase todas revestidas de muitos floreados.
As mais simples, perduram,
as outras serão esquecidas,
por entre tantas outras banalidades.

Sol ou noite



Quanto mais frágil me sinto,
mais desejo tenho de, outros, subjugar,
escolhendo os mais vulneráveis,
para nesses, das frustrações de vencido,
me (re)compensar,
ter absoluto domínio,
e vangloriar, a sós, comigo,
convencido que sou,
o que nunca me possibilito.

E cada vez mais estreito e profundo
é o fosso deste desarranjo
que separa a noite do dia,
sem que (me) queira acordar,
dar o passo,
e assim possa eu,
assumir-me sol ou noite,
mesmo sem lua.