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sábado, 14 de agosto de 2010

Balança de mim


Continuarei à espera
que um de teus eus,
me bata à porta do dia certo,
que ainda desconheça,
acredito existir.

Poderá emergir
das profundezas de ti,
quando se revelar necessário
e assim tiver de ser,
sem que aparentemente contribuas,
ao cumprimento inteligente dos ciclos,
por entre gastos infernos
e vis sombras,
que sempre te atormentaram,
sem que alguma vez tenhas (pre)sentido,
sem mesmo tu
saberes que ele é meu,
para te redimir
e calibrar a Balança de mim,
ao peso certo,
do amor sem medida.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O teu homem está ferido


O teu homem está ferido
tão profundamente dilacerado,
por entre os muros de sua infância,
e nem ele, nem tu,
querem assumir as chagas
e demonstrar dor.

Mas é tão óbvio
pela necessidade como te mostras,
nos jogos que fomentas,
na agressividade que recrias
na linguagem varonilmente erotizada,
nos modelos com que te identificas,
por quem somente escolhes;
submissamente,
consiga fazer-te sentir bem,
o melhor,
o desejado,
um macho...

Mas o teu homem continua ferido,
sem se querer endurecer,
por que nunca serão mais importantes,
que tu e ele,
os olhos e o espelho que vos vêem.

Não é a arma que faz o guerreiro,
mas como sabiamente a manuseia,
seja qual for o campo de batalha,
o inimigo
ou amigo.

E finge-te,
para que agrades,
de qualquer coisa,
sem nunca o conseguires ser
saudavelmente livre
e Homem.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Desistir


Se me exijo desistir
é por que já estou morto,
incapaz de (pro)criar,
e de (con)viver, com o mal,
e de ser alquimista,
e na imundice...
E nem eu,
nem a mãe natureza
queremos que me sobre decadente,
mas que me lembrem vivo,
enquanto estive disponível
com toda a minha libido
a todo o amor.

Quando se bebeu do cálice
jamais se teme o fim;
quando apenas resta o outono
que anuncia definitivamente
o tal inverno.

E se for esse o meu desejo,
que seja o último,
por que a fortuna de qualquer homem
é; ser digno de sua existência,
por tudo o que semeia,
pelos frutos que ainda dá,
pelos amigos que atrai,
por todos a quem vale...
Estar inteiro
e ter fé.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sedutora


Não forces (de) mais
a tua porta, em mim,
o que guardo é sagrado
e muito ,
mais do que sabes
ou te lembras,
para que te vejam desnudada
e impura.
Não te sirvas de mim
como abismo,
por te pesar tanto
o que de ti (não) fizeste,
transferindo a culpa,
para atingir a salvação...
Desde o início,
conheço-te na mentira
e meretriz.
Já não te chegam (também)
as migalhas do pobre ancião
que airosamente rapas,
nem o que ainda usufruis
de sua descendência,
desonestamente,
sem que alguma vez, tenhas sido,
porventura, cigarra,
e jamais formiga;
mais ignóbil serpente?
A tua terceira casa está vazia
e a vizinhança escondida,
e fora silenciada...
E já não sabes mais de ti,
sem que consigas findar,
nem como fingir.
Mas continuas sedutora
como a morte;
traiçoeira .

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Hoje


Hoje, o Sol estará cinzento,
pouco antes da meia-noite.
Os deuses sentados
nos quatro cantos da mesa
disputarão entre si as sortes
do céu e da Terra
e toda a noite será de discórdia,
até que o Sol brilhe dourado,
pouco depois do meio-dia,
para que enfim sosseguem
e adormeçam,
e haja paz nos corações
de todas as criaturas,
que ainda sonham
com o acordar.

Cruzado


Se me desiludi
foi por que não enfrentei
o que se me apresentava,
mas o que me servia
para que aprendesse.
Não me devo culpabilizar
pelo que desconheço,
nem rejeitar
o que julgo não merecer.
A riqueza conquista-se,
assim, trabalhando,
e são as tarefas mais árduas,
que me fazem entender
o valor da realização
e a grandeza da dignidade.
É pobre quem teima
em não se sentir
e conhecer;
viver na pele errada,
ou parasitando...

E eu,
também, sofro de pobreza,
lutando
para me conquistar,
no que me acontece
ao caminho de mim,
cruzado
com quem se me atravessa,
nem sempre pronto,
nem sempre capaz de me vencer.

Fá-lo por ti


Deixa-te ir
para onde te levas,
sem forçar a procura,
sem temer o que te espera.
Não atraias,
o que deverias
já ter aprendido
e sejas vítima
do que projectas,
mas vibra com a alquimia
das puras transmutações.

Se alguma vez chorares,
fá-lo por ti,
nunca pelo(s) outro(s),
e que seja por fim,
de alegria.

Nunca sintas o tempo;
antes, aproveitá-lo.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Não deverá o cão...


Não deverá o cão,
fiel amigo do Homem,
ser tratado como gente,
nem qualquer humano
domado como cão.
Serão bem mais felizes
se cada um, aceitar a sua condição;
um deve obediência,
o outro ter liberdade
para o ser.

Há cão que não conhece dono
e os donos do abandono.

domingo, 1 de agosto de 2010

Puramente


De mim, gostas tanto,
puramente,
que nunca te sentirás
triste e só
a meu lado,
seja o que for,
esteja onde estiver.
Mas, temes a maldade dos fracos,
que fazem da cobardia arma,
da intolerância escudo;
travam o movimento mundo do mundo...
Como se fosse ainda um menino
necessitado de protecção,
de colo, de mãe, de irmã,
sempre de ti, presente.
Como se nunca tivesse crescido
e saído dos braços de tua alma,
como se nunca (re)conhecesse, em mim,
a força do amor que sempre me deste
e soubesse dar valor
ao que é simples,
belo
e sublime,
como tu.