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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Um qualquer Sebastião


Estamos demasiado pobres
para sermos, agora, grandes.
Até os que se julgam com posses
não lhes chega a riqueza,
para que, aqui, a exerçam dignamente.
Em tempos, houve gente humilde
que fizera de sua coragem
a fortuna de todos.
Hoje, por ambição temos, poucos,
mas que chegam,
apagando de nós a memória,
traidores, grandes,
da felicidade alheia;
de ricos, pobres...

Os homens de viril raça morreram.
Somos viúvas, em terra estéril,
povoada por sombras,
sem esperança
de que um qualquer Sebastião nos renasça
deste medonho nevoeiro,
difícil de levantar.

Conflito


Tenho receio de morrer,
mas estimulo-me ao abismo.
Esta incognitude de desejo
e aparente incongruência de viver
são bem mais intensas do que eu,
para que, tão simplesmente, desapareça no nada,
sem que recrie os limites do desassossego
e o que vem das profundezas de mim,
como se, fosse sem querer,
a todo o momento, e anseio,
o que me (re)desenho aos apelos do caminho,
e antes, nunca o tenha sabido.

Se pratico alquimia,
não terei de ser, também, milagreiro.

É o espelho que me mata;
e tremendo sempre foi o conflito,
entre o que hei-de ser, e sou,
e nele (me) reflito,
exagerando, o que compense,
ao que ainda não me sei,
para que a inteligência que me rege
me una até ao fim.

Descanso,
terei mais tarde,
o eterno,
quiça morto.