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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Predador

Sinto, ainda o medo
de teus silenciosos
e repetidos passos,
na invasão premeditada
do intimo mais sagrado,
sobre as perdas de uns
para teu usufruto,
num inesquecível outono.
Nas pisadas deixadas
de teus contraditórios actos,
na eloquência de teu desespero,
na incongruência de tuas (in)verdades,
na ansiedade de justificação,
na vítima que se inventa à pena,
na culpa que promete pesar,
não dar descanso...

Finges-te esquecido
do que tudo sei,
incutes confusão no óbvio
e mascaras-te de virgem,
como se nunca tivesse já acontecido
uma outra primeira vez.

És artista da vida,
perdido no papel que te cabe,
representando ao espelho,
temendo o palco da consciência,
sem compaixão alguma
pelo drama dos que te restam
e ainda te amam.

Reinas no mundo da ignorância,
como um louco,
sonhando com um tesouro,
que te compense a pobreza.

Depois de ruir a casa,
aconselho-te pela última vez,
que te lances ao mar
das cristalinas emoções
e aprendas a nadar
como mais um peixe
que cresce na igualdade,
de Aquário,
até que encontres
o sol da tua paz.

Não pertence o perdão
ao predador
e jamais te acharás, aqui.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O Homem...

O Homem
já não tem idade
para tanta irresponsabilidade,
se prender a instintivas tradições,
se refugiar em utópicos mitos,
inventar crenças
que lhe sirvam de escudo,
e lhe dêem poder...
Como se a inteligência da natureza
fosse estática
e ele a obra prima
do Criador.
A caverna
não é mais seu habitat.

E somente
o universo persiste
como tecto,
sabedoria
e futuro,
espelhado no infinito
de sua alma.

domingo, 13 de junho de 2010

Fujo

Fujo
para pôr fim,
parar,
senão enlouqueço;
é um desmaio.
A terra
e a solidão
fazem-me crescer.
Medito
para não pensar,
(re)educo o crer
e procuro-me
no caminho
e no amor.

Aqui, nasci,
aqui, aguardo
a morte
ou um (re)começo.
Aqui, sou mais eu,
desprendido
de vícios
e de olhares
que me ceguem.
Aqui sou mais de outros
mesmo por (re)conhecer.
E aguardo na serenidade
de minha madrugada
um outro amanhã,
onde vingue o meu sol.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

O país da dignidade

Apagam-se memórias,
despreza-se gente,
corrompe-se a esperança,
desertifica-se o hoje,
decreta-se o incumprível,
persiste-se ao caos...

O que dirá de nós
o futuro
e onde será o país
da dignidade,
para quem ainda crê
ser também Portugal?

Ai, os ventos
que tardam
e as mordaças
que calam o grito
da vondade
plural!

Se acordarmos tarde,
tarde será,
para que o dia
seja pleno de (r)evolução,
nasça o Sol em cada um
e haja outro amanhã!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Aprenderei...

Aprenderei
o necessário,
para que me entendam
em todos os lugares
e assim também possa
decifrar o sentido
de todas as palavras
que me sejam declaradas
com amor,
e que advenham de Ti.

Mas Contigo
falarei apenas,
na língua de minha alma,
para que me ouça
e Te (pres)sinta
daqui, onde (re)nasci
e me (re)fiz,
em português,
até ao infinito
de todos nós,
sem que, o tempo
nos conte
e a noite
nos caia,
mesmo que sejam
breves as emoções.