segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
sábado, 1 de outubro de 2011
Morreu um poeta
sem se saber ao certo quando e onde,
de desgosto de importugalidade,
um poeta incógnito,
que muito amara a Terra
que lhe servira de berço
e a Gente que com ele cresceu;
e todos eram esperança e força
e Uno.
O poeta não aguentou mais sentir
o feder a pobreza,
nem haver já heróis, fazedores de sonhos,
e observar as sortes só de alguns,
que muitos outros esmagavam.
O Espírito estava demasiado contaminado
para que conseguisse dignamente exaltá-Lo
e ser ouvido, principalmente pelos agrilhoados...
E as palavras sucumbiram,
a voz da Alma se apagou
e por fim, com os últimos versos, confusos, mas afiados, que escrevera,
cortou os pulsos, para que lhe faltasse sangue e parasse o coração.
Enquanto se perdia do corpo, se despediu, escrevendo
«Morte aos traidores, para que se salve Portugal!»
Três poetas, seus amigos lançaram
ao Mar da grande Praia
os seus restos mortais,
porque eles, também o eram,
havia só Um,
envoltos pela Bandeira,
e por ele(s) até hoje estão de luto, os poetas,
até que (re)nasça o Sol de todos
e Ela,
a própria,
a Poesia!
sábado, 10 de setembro de 2011
Nunca houvera vontade...
em contrariar a maldade,
de quem fazia crer
ser o que todos os empobrecidos,
mais sonham,
quanto maior é a inveja,
sobre os frágeis que simbolizam ameaça.
Porque do mal lhes advinha, ainda benefícios.
Era cómodo nada alterar
e somente admitir que as vitimas sem posses,
seriam tudo de loucas,
e descontextualizadas, de suas ambições, e estripe,
e das conveniências que une a amizade dos interesses por interesse.
Só os poderosos têm direito à imposição, por orgulho,
defesa da sua honra, a qualquer preço,
os outros, abjectos, mesmo que suas vozes contestem alto,
não passarão jamais de insignificantes asnos,
sem direito a pasto em campo verde.
Nunca haverá vontade
em contrariar a maldade,
desde que o árido ego seja bem pago,
mesmo por um anjo mau,
até pelo diabo.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Aquela criança de dez anos
pois apenas era tu
quem eu pretendia.
Nunca te fujas,
quando o amor lá estiver.
Sê pessoa inteira,
sem receio de receber,
abandono; porque alguém abandona...
Nada te pertence;
nem mesmo tu,
muito menos eu.
Mas de tanto poderás usufruir.
O tempo acontece,
sem ser preciso contá-lo,
para que tudo seja saboreado sem pressa.
Eu estarei sempre onde for preciso,
desde que também sejas capaz.
Já não quero esperar,
nem viver em ansiedade.
Quero-me muito, demais,
para que combata com armas de outros,
contra inimigos que desconheço,
e manter a esperança,
e encontrar aquela criança de dez anos que perdi;
sei que está viva
e me espera.
Confio agora na sua palavra,
na promessa que me fizera.
Eu é que cresci, sem querer, depressa,
deixei-me levar por o que vulgarmente se ambiciona,
para nunca mais me ser,
até me saber melhor
quando me lembrei dela, como nunca.
Ela, sim, aquela, sonhava,
Eram grandes os seus sonhos,
nunca me desiludiu por outras verdades,
é demasiado bela,
e continua tal qual como a deixei;
alegre,
e persistentemente crente
e pura!
Amo-a!
Iluminar
à gravidade das coisas terrenas,
menos seremos capazes de atingir
a universalidade de Deus.
O Homem divide-se,
em vez de se simplificar,
guerreia e quer vencer,
para se superar nas fraquezas,
e ser herói de amor,
e sentir-se mais uma estrela,
por aqui, no Céu,
também a iluminar,
e enfraquecer a escuridão.
Não (re)conheço a grandeza de Tudo,
mas jamais me aceitarei na pequenez.
domingo, 4 de setembro de 2011
Tristeza...
pobreza!
E quanto, também, mais perco,
mais pobre fico.
Mas possuo um enorme sorriso
para o que ainda me resta
e outros, a quem dar,
quando me acham.
Aprendi com o Sol
a não me importar com a passagem das nuvens
e a iluminar sempre que posso.
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
As palavras
em breve, não esgotará.
Por entre tanto e tudo
o que se diz e escreve
vai-se perdendo o que interessa
e não há distância que vença
o mesmo mal de todos;
a mente constantemente emprenhada,
sem espaço à contemplação.
Nem luz que quebre o silêncio,
em que juntos coabitamos,
da mais profunda escuridão.
As palavras são oiro
e delas preciso o que me baste,
para ser um afortunado
e nunca prisioneiro.
Não quero mais que me distraiam;
as palavras também ferem,
as palavras também matam.
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
O que é isso
Ter-se consciência ou
O que é isso de
Ter-se consciência ou
Se sabeis
Então dizei-me
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Precisei de um pai...
e o pai, fui eu,
de uma mãe
e a mãe também fui eu,
de quem me amasse,
e nunca houvera vagar.
E poucos foram
os que me souberam
transmitir a Verdade
e reconhecer.
Precisei de mim
e nunca lá estive,
cresci depressa demais,
sem que tenha dado conta disso,
por entre tantos
que se fingiram aparentar comigo,
porque não sabia
nunca o que me ser.
E onde moro eu
em minhas crias;
nos que me chamam de pai
e outros que nem conheço?
Hoje, tudo se deseja esquecer,
que o tempo mate,
o que marcou a ferros o corpo,
quando jamais, se apagará na eternidade,
o que foi, na alma, desde o início, revelado.
domingo, 21 de agosto de 2011
Felicidade
por meu desmedido ego(ísmo).
Alegria
por meu imperecível amor.
Felicidade
no agora,
sem quaisquer lembranças,
Eu e mais Tudo,
Um.
Aprendo a sorrir
de peito aberto para o mundo,
em vez de, em frente ao espelho.
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
(I)Realidades Fluidas
Que gritam nos oceanos mais profundos do meu Ser
Que em labareda se consume mas não se estingue,
Mas Arde...
Olha com olhos de ver que não os tens
Quando a irrealidade te constantemente fita e persegue
Sugando-te ao teu próprio eu, Tu mesma?
(I)Realidade? Eu ou Tu?
O Amor que de nós nasce é real e infinito
Espalha-se por tudo o que existe
E vai iluminando, explorando e aprendendo mais
Sobre o cosmos que nos une.
A sua astúcia é inigualável e seus instintos apurados
Vê de olhos bem cerrados o que “outras tais”
Nunca desconfiarão poder ver
Com eles bem abertos.
Mas quando se abrem
Não há limites para o seu alcance
Espalha-se, expande-se
E é verosímil, meigo, gentil...
Imparável em bondade
De Bom e de Bem Bom e de Bombom...Hum...
Revira este Mundo e o outro, ou outros,
Para ver o que quer.
E então flui...
Ruben Marques Jacinto / 9 Agosto 2011
Luz/Vida/Morte
Molda-se criando caminhos surpreendentes,
Labirínticos,
Inesperados nas entranhas do amago íntimo
De cada ser metamórfico.
Respiramos Vida!
Por isso mais vale vivê-la,
Mesmo que a Morte nos espreite,
De quando em quando.
Devoramo-nos uns aos outros,
Com medo vazio de Luz omnipresente.
Deixá-la ocupar todas as partículas do que existe
É apenas demais...
Mais fácil é ser moribundo,
Do que morrer de tanto ou tão pouco,
Do nada que coexiste com a abundância do É,
Com a ausência do tudo que se suga a ele mesmo
Num acto exacto de ilusão, ou realidade,
Cortante e exasperante...
Cansa...
Arranca a carne mais visceral,
Que também é querida...
Para quê?
Ser, é.
Queremos nós viver?
Ou ter a morte já bem encenada, treinada,
Para sermos verdadeiros campeões em antecipação,
Com objectivos bem definidos, com uma meta a atingir.
É mais prazeroso ir a lado nenhum ou coisa alguma.
Ser coisa nenhuma...
E de repente...
Apenas És!
Vida e Luz...
Ai...
...O Abismo de se viver morrendo...
...Já Morto?
Ruben Marques Jacinto
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Há quem...
não consiga,
nunca consiga,
esteja demasiado intoxicado
por tanta coisa,
desde sempre
e reste-lhe, somente
constatar, com nitidez,
o que lhe é tão real
e (i)mundo.
E assim não mais desperte
para o sonho
com o(s) outro(s).
Todos temos liberdade de escolha.
E poderá ser a liberdade, a escolhida.
Um dia, naturalmente, dar-me-ão um qualquer salvo-conduto,
para que parta,
sem que magoe, demais,
quem lute por se limpar, ser puro
e livre.
Não sei se serei capaz!...
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Olho-me
Penso
É por eles
Eu serei
domingo, 7 de agosto de 2011
Sonho
é sair deste canto do mundo;
depena-se o infortúnio
e lá, bem alto, flutua-se no eterno bem.
Isto é tentar sonhar desperto,
o que o outro sonho desconhece,
até que se poise
e aconteça outra noite,
o canto da ave se vá
e reste ainda o pesadelo.
João Marques Jacinto (Ota-1978)
Áries
primeiro,
mas único.
Assume a força da primavera
e marra a vida com pujança,
com os cornos da coragem
sem que nunca te distraias
com o que te ficou para trás.
Áries, de meu primitivo pulsar,
meu primeiro sopro,
meu grito,
meu punhal,
minha carne,
minhas vestes de sangue,
máscara de todas as dores
e universos,
do que me reinvento
e preciso ser!...
E ser,
e ser,
e ser!
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Tenho...
da vida,
perante quem estimulei
a viver.
E a morte,
assim, pesa-me deveras,
mesmo que tenha em vistas
renascer.
O tempo marca.
O tempo pode ser ilusão.
E qualquer vida tem tempo
e fim.
Eu ser-te-ei...
sempre que te negares
e contigo fundir-me-ei
se te abrires ao amor,
sem que te queiras jamais ferir.
Olha-te ao espelho
para que só a ti vejas,
e contempla-te,
mas de mente cerrada.
quinta-feira, 28 de julho de 2011
A minha casa...
A minha casa fica num estreito beco,
de uma insignificante cidade
de um pequeno país
do planeta azul
do Sistema Solar
da Via Láctea...
E eu, daqui,
trancado,
do meu exíguo quarto,
como uma diminuta semente,
que julgo conhecer,
guardado nesta caixinha de fósforos,
contemplo extasiado o universo, lá fora,
pela única vidraça
que a minha mui humilde habitação possui
e sinto tudo, o que avisto, como meu
e tão acolhedor, como o leito, onde sossego.
A porta dos fundos
era aberta, somente enquanto dormia,
para que em sonhos caminhasse
pelos mundos profundos de mim.
Perdi-lhe a chave
ou continuo acordado,
sem que queira adormecer,
e sem barulhos na mente...
Agora, é a da frente,
que está escancarada,
para que entre mais luz,
sempre que seja hora,
de ela me querer espreitar.
Desperto
para ter tempo.
Houve tempos,
em que o tempo era infinito
e eu tinha tempo
para atentamente, viver o momento,
como se o tempo não existisse
e somente eu estivesse totalmente presente
no cosmos de mim,
e vislumbrasse a verdade,
e experimentasse a felicidade, como eterna,
porque a tempo estivera desperto e vivo.
E deverei eu, com tempo,
apagar de vez o tempo
e achar-me no silêncio, acordado
e de vigia
para que seja Tudo
e Uno.
domingo, 24 de julho de 2011
Estrelas que fui
das estrelas que fui,
que, todos os dias, me inspiro no Sol
e teimo em brilhar.
E há horas em que consigo,
mas sem que queira
ou dê por isso.
Quando me esforço, apago-me.
Tenho de me esquecer de tudo,
completamente de tudo;
do passado,
do futuro,
me esvaziar de tempo,
e vencer as fronteiras de mim,
para que a luz me rasgue a mente
e eu até consiga sentir o Universo
como estrelas,
todas as que já fui.
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Sim ou não?
se não sei o que quero
ou se não quero
o que já sei.
E o sim,
pode justificar um ou outro não.
E o não,
pode até traduzir receio de um eterno sim.
E não
pode ser sim,
mas querer-se não.
E o sim faz-se não
mas poderá também voltar a ser afirmação.
E o sim,
quando, é sim, é sim,
até que seja vencido,
por outro sim
ou por que não.
Nada se afirma ou nega
para toda a vida;
sim ou não?
Já não sei
o que é o sim,
e não.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Valho ser gente e feliz
sempre que de mim falares.
E se te gostares, a sério, dirás, incessantemente, o melhor a meu respeito,
mesmo que não mereça.
Mas, se porventura não fores capaz de, olhar tão profundamente
para o que te perturba,
assumir os erros que te pertencem,
desvendar o Eu que te totaliza,
certamente que tudo me arremessarás, por inconsciência,
e serei a mais pura vitima de toda a tua maleficência,
em vez de, pedires ajuda,
e procurares salvação.
O silêncio pode também ser revelador,
mas é mais difícil de ler.
Quanto mais se nega o que se possa ser
mais se confirma o que se esconde.
Somos da mesma espécie, com ligeiras diferenças,
que constantemente se persiste em valorizar,
para que nos possamos parecer, uns com os outros, mais desiguais.
Eu, santo, nunca serei,
tentarei sim desbravar-me, até chegar ao que sou, cá dentro,
sem mais imitar o que exigiram que fosse,
porque valho ser gente
e estar feliz!
segunda-feira, 11 de julho de 2011
El Carmen
e Quintana
e trajas-te de diva Florianopolis,
e nas veias corre-te o sangue das cores de Fossari,
e a dramaturgia de Nelson tem igualmente morada em tua alma
e contracenas com as mais belas canções de Vinícios,
como se em palco pudesses também ser a bossa-nova…
E as palavras que te povoam,
saem-te, como pássaros de oiro, com asas de céu,
para que se cumpram nas rotas do Atlântico,
e sejam pedras da grande frátria lusófona
e a face Humana do êxtase, esculpidas pela tua poesia.
João Marques Jacinto
(El Carmen, uma singela homenagem de João M. Jacinto à grande poeta brasileira Carmen Fossari, autora do livro Heresia.)
Eu não...
mas queres-me em teus desejos.
Antes amado
do que desejado,
e harmonia
que variável!
Nem a mim,
por enquanto,
me pertenço inteiro.
Nem sei se alguma vez me serei.
Face
a do ego,
de tantos jogos de desejos,
que me é difícil embair.
Mas a face da consciência dissolvê-la-á,
sem que o ambicione fazer.
E eu apenas vivo a cada momento
trabalhando a persona
à medida da felicidade
de minha contemplação.
sábado, 9 de julho de 2011
Hoje, perdi-me...
atento à dança espontânea dos pássaros,
como se me iludissem de que era eu, quem me movia
e chilrearam-me o coração de tamanha alegria
e atravessaram as nuvens já limpas e o arco-íris
e poisaram nos verdes vivos das árvores,
e brilhantes, por tanto enchardas das águas de Abril…
Distraí-me de tudo o que me preocupava
e exigia atenção,
e achei-me em êxtase
enquanto girava o olhar por tão vasto azul
como se me sentisse, também Primavera.
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Estou vivo...
que me é difícil morrer em algumas,
mesmo as que já pereceram
ou são prescindíveis.
Será a liberdade uma utopia
ou terei eu o hábito de me prender ao que me iluda
para que me ache livre?
É bem mais fácil ter por perto a infelicidade
e ter o consolo de falar à cerca dela,
do que ter a coragem de desencobrir
o que me possa fazer bem
e habita desde sempre
sem que saiba ainda a minha vera morada.
A minha religião é a vida
e o templo onde oro
é esta esfera de tantas estrelas
que me circunda, desde mim, no centro,
até ao infinito de toda a essência do universo.
Estou vivo de tanta coisa
quando me bastava estar bem vivo apenas de mim.
sábado, 25 de junho de 2011
Nunca...
por todo o mal que me causastes.
Inventarei um dano menor,
como perdão pelo que já vos azarei,
mesmo que ainda de nada saibamos,
convicto apenas de minha dor,
ou meu drama.
Nem sempre tenho quem me condene,
para que me sirva de escusa à culpa
e salte por cima dos meus erros,
sem que os queira acarear.
Felicidade é ser o que sou,
e admiti-lo,
saber estar
e nunca supor outro caminho,
que não me sirva nos pés.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Heresia de Carmen Fossari
Lançamento do livro de poesia de Carmen Fossari;
em Florianópolis no mês de Julho,
em São Paulo no mês de Novembro.
Parabéns, poeta por Heresia!
Muito sucesso!
Carmen Fossari
Natural de Florianópolis, filha de Domingos Fossari e de Irene Maria Belli Fossari.Mestre em Literatura Brasileira, pela UFSC, com opção em Teatro. Diretora de Espetáculos do DAC - Departamento Artístico Cultural da UFSC. Coordenadora e professora da Oficina Permanente de Teatro da UFSC. Diretora e fundadora do Grupo Pesquisa Teatro Novo/UFSC.Nessa categoria, recebeu inúmeros prêmios estaduais e nacionais, bem como representou o Brasil com espetáculos que dirigiu, escreveu e atuou nos seguintes países: Porto Rico, México, Paraguai, Argentina, Chile,Colômbia e Portugal. Esteve com espetáculos no Chile por sete vezes, onde mantém convênio através do GPTN/UFSC com a “Cia. La Carreta” que coordena, naquele país, o ENTEPOLA - Encontro de Teatro Popular Latino Americano .Participou de três Projetos “Mambembão”, no Rio de Janeiro e em São Paulo, com os espetáculos “Mesa Grande” e “Terra de Terrara”, obras que dirigiu e atuou, numa promoção do Serviço Nacional de Teatro, RJ (duas temporadas no Rio de Janeiro e em São Paulo, e um Curso de Direção Teatral, integrante do Projeto, ministrado pelos melhores diretores de Teatro do Brasil).Coordenou o 1º ENTEPOLA do Brasil, na cidade de Florianópolis, em 1996, com a participação de 280 artistas das Américas e de outros Continentes. Dramaturga, recebeu prêmios nacionais pelos textos “Terra de Terrara” e “Engenho Engendrado” (ambos de pesquisa lingüística e cultural das Comunidades Açorianas).Poetisa, em 28 de fevereiro de 2002 teve poema publicado no Jornal Machetearte, do México.Escreveu o roteiro e realizou a pesquisa do vídeo “Viva o Circo”, direção de Ronaldo dos Anjos, prêmio de melhor vídeo no Festival Nacional de Gravatal.Escreve enredos para Escolas de Samba de Florianópolis e artigos para jornais de Santa Catarina. Escreveu durante 10 anos para o Anuário Brasileiro de Teatro, do Rio de Janeiro, editado pelo Serviço Nacional de Teatro.Escreveu entre outras obras: “De Açores a Desterro - Uma Viagem Bruxólica”, “Isto ou Aquilo, com Sol ou Chuva”, “Vô Chapéu Azul na cidade de Pedra Grande” (e também traduziu ao espanhol “Abuelo Somrero Azul em la ciudad de Piedra Grande”), “Ocasos Raros Casos Simples”, “Rua de Vento Sul”, “O Menino que jogava com o Sol”, “João Unha de Fome e Dona Maria Comecome” (inédito), ”Os 7 Segredos do Mar”, “Don Pablo entre vogais” além de outros .Adaptou textos da dramaturgia universal, dentre eles: “Alguns Pecados Capitais” (do original “Os 7 Pecados Capitais dos Pequenos Burgueses”, de Bertolt Brecht), “Bodas com Lorca, Gotas de Sangue” (do original “Bodas de Sangue” de Garcia Lorca ), “O Mercador” (de Veneza) do original “O Mercador de Veneza” de William Shakespeare.Traduziu e dirigiu os textos: “Las Mamelles de Tiresias”, do pai do surrealismo francês Guilhaume Apolinaire e “O Burguês Fidalgo” de Jean Batiste Poquelin de Molière.Dirigiu e produziu mais de 60 peças teatrais nas categorias de Teatro Adulto, Infantil de Títeres e de Rua.Co-Fundadora e Vice-Presidente da POIÉSIS - Associação de Professores e Diretores de Teatro Universitário do Brasil.Integrante do Circuito Latino Americano de Teatro, e nesta categoria ministrou cursos na Universidade de Porto Rico, Chile e México.Trabalha com a Literatura Catarinense trazendo ao teatro a prosa e o verso através de montagens junto ao Pesquisa, a saber, obras dos seguintes escritores e poetas: Lindolf Bell, Franklin Cascaes, Flávio José Cardoso, Eglê Malheiros, Argus Cirino, Raul Caldas Filho, Alcides Buss, Joca Wolff, Fábio Bruggmann, Clécio Espezim, Almiro Caldeira de Andrade e Harry Laus.Possui obra incluída no livro “Panorama do Teatro Brasileiro no Século XX” (com fotografia da encenação) autoria de Clóvis Levi, com edição da FUNARTE, Rio de Janeiro.Integra o Dicionário Catarinense de Escritores, edição da Fundação Catarinense de Cultura e o álbum Florianópolis Vista por seus Habitantes, de Beto Abreu, dentre outros.Como atriz, além de inúmeras peças e recitais de poesias, atuou na minissérie “Ilha das Bruxas”, produzida pela TV Manchete e nos curtas metragens “Alva Paixão” de Maria Emília Azevedo;”Ilha” de Zeca Pires; no média metragem “Alma Açoriana” de Penna Filho e no longa metragem “Procuradas”.Dirigiu e foi co-adaptadora e produtora do espetáculo “Hamlet Nuestro”, em Santiago, hoje em giro pelo Chile com a Cia, La Carreta.Participou de dezenas de festivais nacionais e internacionais de teatro, tanto como diretora de teatro quanto debatedora, ministrante de cursos e Integrante de comissões julgadoras. Da participação de Comissões, destaque para o Concurso Nacional de Dramaturgia, promoção do SESI-Brasília DF, onde integrou equipe com Éster Góes e Elias Andreato.Deu Curso de Formação do Ator, além da UFSC, nas cidades de Itajaí,Concórdia, Joaçaba, Brusque,Tubarão, Laguna, Blumenau, Fraiburgo, Chapecó, São José, Joinville, Lages, no estado de Santa Catarina, em Santarém, no Estado do Pará, e em Santiago, no Chile; Rosário e Santa Fé, na Argentina; Cidade do México, e San Juan, em Porto Rico.Roteirista, produtora e diretora de vídeos, e co-produtora, da parte cênica, do média metragem “Alma Açoriana”, em que também colaborou com o enredo.Participou como integrante da Comissão Julgadora do FAM/ Florianópolis Audiovisual/Mercosul no ano de 2002.Lecionou Dramaturgia na Faculdade de Cinema e Vídeo da Unisul.
sábado, 18 de junho de 2011
Já vivi tanto...
que todos estes anos
pareceram-me uma eternidade.
Já hoje, quando me olhei,
não me reconheci.
Estou consideravelmente bem mais maturo
e todos os dias desenham-se-me rugas na alma,
e nascem cabelos brancos no corpo de minha essência...
E dou graças por ter abundância
e perícia para parturir-me,
renascido,
sempre que um ciclo expire.
O que é o amor?
Não sei!
Confundo-me por entre instintos
e emoções,
e aprendo a expressar afectos,
sem que entenda os porquês,
condicionado pelos ensinamentos
do mundo que me fica mais próximo.
O que é o amor?
Digam-me!
Se houver quem saiba, que me fale,
para que eu me reveja nele.
Um dia, se vier a reconhecer Deus
talvez consiga experimentar o amor,
se tiver fortuna que em mim se manifeste.
quinta-feira, 16 de junho de 2011
Deus nos salve
criados à imagem dos homens,
autoridades das almas de nossos mundos,
que mais contribuem para o desamor
do que para o grande desígnio de um só Eu(s)?
Como pode o Homem humanar Deus
em vez de evoluir para o divino?
E Deus está onde impera a Inteligência
e também, se acham os reinos da vida.
E o animal Homem agiganta-se,
mostrando-se como soberano da selva
e o mais petulante dos predadores.
Que Deus nos salve da agnosia,
da intolerância,
do facciosismo
e de todos os males do medo...
terça-feira, 14 de junho de 2011
Nada a Deus peço
Seria um blasfemo, se me atrevesse.
O que tenho, por ora, sobra-me.
Injusto seria se Ele me desse mais, do que necessito,
ou alimentasse caprichos sem nexo,
quando, há quem pouco ou nada possua,
para que sobreviva.
O que desejo
tento que se concretize sem prodígios,
mas com as ferramentas e armas de mim
dignamente,
para que creia na minha existência
e Nele.
Se hoje morresse...
só eu não sofreria.
Assim como os que, me desconhecem,
mesmo que até, já lhes tenham falado de mim,
me conhecendo, não são habitualmente perturbados com a minha presença
e nem têm opinião alguma formada a meu respeito;
uns dias acham-me simpático, outros passo-lhes completamente despercebido,
como se a indiferença existisse e eu fosse incorpóreo,
contabilizam as baixas com satisfação, pensando o mundo maior, sem os que partem...
Os que se acostumaram à minha entrega
e tomaram comigo a mesma rotineira,
deixaram que dominasse e também dominaram,
me amaram para que eu também os amasse...
Esses sentiriam, se hoje, morresse, certamente a minha ausência,
enquanto no tempo, consoante o grau de dependência,
não aprendessem o amor de outra maneira.
Haveria, também, quem sentisse a minha falta,
sem que nunca, nos soubéssemos tão conhecidos.
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Dói-me a solidão
para que não tema o abandono,
ficar só continuamente.
E por muito que me rodeie de gente
não encontro quem me sare
esta ferida da alma tão antiga.
Tudo é demasiado vasto e intrincado
para que me encontre na casa de mim
e haja lucidez que me tranquilize,
chão que me dê raízes,
amor que não se explique,
espírito que me entenda e aceite,
berço que me oscile e reconforte a vida...
Há horizontes maiores
do que estes, de meu lugarejo
que me possam dar outras esperanças
e quebrar este cansaço de tanta exiguidade.
De Fernando
Tantas pessoas em
Pessoa e
mais Pessoa(s).
Somos Pessoa,
de Fernando,
por se cumprir!
Apessoado
poeta,
iluminado
Mar Pessoguês!
José Heitor Santiago
in
Dia do Sol
http://diadosol.blogspot.com
(Fernando Pessoa nasceu em Lisboa, no dia 13 de Junho de 1888, às 15h20.)
domingo, 12 de junho de 2011
Soletra-me
e pressente-me aqui, nestes versos que te escrevi,
quando te adivinhava à minha procura.
Mesmo não te vendo o rosto,
sentia-me, já no pulsar de teu coração
como se vibrássemos ao ritmo do universo
e nos sentíssemos tão perto um do outro
e tudo fosse tão grandioso e belo.
E por cada palavra que declames aí bem dentro de ti,
é como se me inventasses como tu
e te sentisses eu
e surgisse a dúvida de quem escreve ou lê e ouve,
e eu me perdesse em ti,
por entre tantos pensamentos
e tu te achasses em mim,
por o que desejei e tudo o que te dediquei
e eu e tu fossemos todos os outros, que se escrevem ou falam
e desejam o amor, mesmo sem que o saibam descrever
ou ler, verbalizar...
E continua a ler-me.
Não páres.
Continua, por amor e pela poesia,
mesmo que tudo não passe de mais um capricho!...
sábado, 11 de junho de 2011
Os meus passos
e ponho-me de lado, querendo-me olhar sem me ver.
Esmoreço, quando meço o que ocorre,
como se num jogo oscilasse
e eu jamais o apreendesse.
Quem sou, que não me atinjo,
quando ao que me predisponho dissimulo não saber
e me passeio no ensejo, esquecido do desígnio
e acordo no que nunca quis previr
como se não existisse
e nada nunca acontecesse?
Cantasse eu outro fado,
mais concebível,
para que imoderado nunca fosse
e mais livre me fizesse do que introjectei
e tanto me pesa...
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Actual
Condição
híbridos, nos tornámos,
deslumbrados e cegos nos fizemos,
e perdido está o caminho de nós!
Não há deus que, nos queira,
não se ria,
nos salve,
sem que antes,
entendamos toda a história
e aceitemos a própria condição,
humildosamente!
Quão ridículos somos;
inventámo-nos
alienados da realidade
e persistimos no pesadelo!
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Perecer
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Ser livre...
Quanto mais cresço,
mais profundas são as raízes
que se responsabilizam à Terra.
Quando vivo permanentemente a renascer,
negando a morte.
Já não sei se é melhor ter consciência
se ser uma eterna criança
sem memórias,
nem amanhã.
Como pode alguém rejeitar a diferença,
se tudo é desigual?
Pesa-nos o legado do infindo e comum pretérito
sem que se enxergue muitíssimo! Nada!
Só serei livre
quando estiver para além de tudo
e de mim,
e abrir mão do que me prende
e nunca foi meu.
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Direita e esquerda
O que é ser de direita ou estar à esquerda?
Ao espelho a minha direita é a esquerda de mim, na outra imagem,
e se contemplam,
e vice-versa.
Se me movo, o que está à minha esquerda vai mudando
e se giro, completando metade do círculo,
passará o que estava à minha direita, a pertencer ao meu lado esquerdo.
É muito mais fácil sintonizar-me com os pontos cardeais.
O nascente está sempre ali, mesmo que percorra toda a linha do horizonte,
até ao lugar onde se habituaram os astros a esconder...
O Homem tem uma relação intensa e profunda com a Terra e com o céu
e o seu compromisso é evoluir recto,
brigar pelos seus direitos
e consumar, humildemente, os deveres,
com tudo o que mexa, tal como ele,
esteja à esquerda ou à direita, onde estiver,e seja vida,
e faça igualmente parte deste singular projecto,
de onde ele também descendeu, no dia que lhe coube,
segundo a ordem que se estabelecera, sem que se alcance,
e cumpre.
domingo, 22 de maio de 2011
Ter tudo ou nada
em consequência de ser pouco,
ou nada.
Mas tudo, nunca sei quanto é,
por muito mais que possua.
E com nada,
ser-me-á sempre difícil de apurar-me.
E mesmo, o que tenha, seja pouco,
será sempre nada,
porque, por muito que possua
sinto a minha insuficiência e ser pobre.
Existe um desejo infinito de coisas, sem as saber,
nunca conseguindo ganhar a realidade que me sossegue.
E sinto um imenso vazio, incompensável,
não havendo grandeza que sustente a sobrevivência da alma,
nem porto sereno, no meio de quaisquer águas,
onde possam atracar as mais profundas de minhas emoções.
Terei de acreditar que, por pouco que tenha
haverá sempre uma fortuna em mim, por transmutar,
guardada, onde em tempo algum saberei, por aqui.
Emergirá no momento que me for preciso.
Só o hoje existe,
e terei de enriquecer-me a todas as horas,
e quanto mais desperto melhor.
sábado, 21 de maio de 2011
Herói
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Fala-se de mais
e diz-se tão pouco, ou nada.
E nem sempre, se percebe o que se pronuncia, por que se diz,
as palavras coincidem com o que se sente,
o jogo entre o que se discursa e o pensamento
flui por querer, mas por que assim foi aprendido no tempo,
mais as personas que ocultam a vera face.
E oscila-se todos os dias por entre as pedras de qualquer trilho,
diante a indiscrição da descoberta
como se só valesse o que bem se concebe, julga saber,
e o infinito obscuro dos céus,
o eterno mistério que amansa, inibe, esmaga
ou incita à revolta...
Fala-se de mais
e diz-se tão pouco, ou nada,
e cada vez mais encontro no silêncio
a sabedoria de todas as palavras,
sem que haja vocábulos que cheguem
para, expressar o que me vai na alma,
e que queiram compreender a (im)perfeição
e a inteligência que transcende toda a razão.
sábado, 14 de maio de 2011
Ninguém diz a verdade
diz a verdade,
é dono das certezas,
conhece o todo...
E todos se enganam de convicções,
por que intensa é a luta dos opostos,
e preferem ausentar-se da realidade,
e fingir o que não são,
criticar nos outros o que mais lhes dói...
E facilmente pertencem ao que lhes, dá deleite,
beneficia na (sobre)vivência...
E inventam-se como especiais, ímpares,
e crêem-se como produtos dos céus,
e têm esperança de transcender a carne,
quando ela já fede, decadente.
Impressionam até ao fim,
compensando o temor de abandono,
com o instintivo intuito do poder.
E têm o desejo maior de serem imperecíveis
como os deuses que lhes nascem,
e assumem-se como criaturas escolhidas
e abençoadas pelo divino,
e incutem o medo e o dever de sacrifício
aos mais vulneráveis e puros idealistas,
consoante as necessidades dos tempos.
É mais real, uma qualquer mentira,
do que a mais absoluta das verdade.
E cada vez mais me calo,
elejo o silêncio,
mas nunca me deixarei de interrogar
sobre isto, aquilo,
quem sou e o que os outros representam,
mesmo que escasseiem as respostas.
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Flor de Julho
sexta-feira, 22 de abril de 2011
O Lírio
mais do que quaisquer, inocentes mentiras,
mesmo que ditas por quem se diga entendido...
Creio no que me possa transcender
e eu deva abraçar incondicionalmente,
e nunca limite ao que me esforço por parecer.
Tudo o que dou foi aprendido,
mas quero saber muito mais;
ou serei o que deveria ser,
ou prefiro já não existir.
Haja Inteligência
que me combata a evoluir,
mesmo que nada compreenda,
me julgue(m) perdido no labirinto da caminhada...
O Lírio nascerá nas mentes fecundas
e será tão puro como as almas que o verão florir, em Si.
E a nuvem sagrada habitará primeiro sobre o vale dos Poetas,
antes de escalar as montanhas para se dissipar pelo mundo,
como palavras de uma só Poesia.
Na casa onde moro...
Da minha espécie só eu existo, por enquanto.
O gato brinca comigo
e tem-me afecto,
como se fosse uma criança.
Os peixes oferecem-me tantas lembranças
e um bocadinho de oceano.
Espero o dia, em que me entre pela porta um qualquer pássaro,
que queira fazer dali, também o seu ninho
e um céu.
As plantas, rego-as com respeito,
como se fossem sabiamente velhas,
dão-se-me de tantos verdes
e em flor.
Outros, também lá vivem,
mas não são tão visíveis e sociáveis;
continuam a crescer...
Na casa onde moro,
todos temos o intuito de não sermos infelizes,
amando-nos,
e certamente, nos sentimos filhos do mesmo Ser,
desde o começo.
domingo, 17 de abril de 2011
Desembrulha-te
como os que te acham.
Descobre-te no que a sempre te negas
e assim verás no teu avesso
o que mais te importa.
Desembrulha-te
e admira a beleza de teu presente!
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Tenho Deus como vizinho
A porta em frente à de minha casa
é uma das três principais de Seu templo,
a mais preciosa; abre-se por entre colunas estriadas,
que carregam enorme frontão,
onde estão inscritos uma pomba,
no centro de um grande círculo,
sobrevoado por dois anjinhos,
com uma cruz terminando, no topo de um corpo triangular.
Essa porta nunca se abre
e eu raramente entro pelas outras.
Ele sim, é testemunha de tudo o que acontece na minha,
quem entra e sai...
Ontem, escrevi-lhe uma carta
e pu-la debaixo da grande porta, durante a noite,
para que ninguém a encontrasse
e só Ele a lesse.
Nela pedia-Lhe ajuda,
para que me fosse devolvido um terço que perdera há muitos anos,
para que a oração de minha criação estivesse completa de sujeitos
e o verbo fosse Amar,
possuísse todas as contas...
Espero que o meu pedido se concretize
sem que se altere o brilho de todas as estrelas
e se for merecedor.
Sempre pronto ao suicídio
deverá também sucumbir em si,
se porventura, quiser que renasçamos.
Eu estou sempre pronto, ao suicídio,
desde que seja por uma causa maior,
por Amor (ou) pela Vida!
Espero-me
e não conseguir,
outra é negar a oportunidade,
sem a experimentar.
Teimo em não me alterar
no que acredito,
domino,
ambiciono...
Mesmo que (n)isso seja medíocre.
E tanto há em mim!
Mas para me desbravar,
em muito devo, primeiro, perder-me
e sofrer,
para depois me salvar
e ser mais Eu,
no meio de um qualquer oceano.
Espero-me, amanhã,
no porto; naquele de que nunca se fala,
para logo de seguida partir,
sem sossegar.
Enquanto houver ventos
e marés, não se amainam velas.
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Depois de crisálida
e muito mais do que me conheço,
para além deste, imenso edifício,
erguido por entre a natureza,
feito de argamassa de variadíssimas moléculas,
e que constantemente se (re)constrói
e tenta manter até à validade,
que lhe fora atribuída,
e seja capaz,
corpo revestido a pele e pelos,
como acabamento, aparentando sempre final,
com formas e características que tão bem o identificam,
com outros, mesmo, os mais semelhantes,
mas único!
E serei todavia responsavél por tudo o que transporto
até ao ínfimo de mim,
sem que saiba, agora, o valor de todo o meu tesouro de infinito,
nem de quando se concretizará a grande mutação
depois de crisálida.
Tudo está escrito algures
Haja, é alguém que saiba ler.
sábado, 9 de abril de 2011
(In)Feliz
quem,já por nada se ilude,
mas antes se aceita
e luta,
e tem esperança de saber crescer,
e naturalmente, ser melhor.
É mais feliz,
quem não deseja a felicidade,
mas antes nunca ser infeliz.
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Serenidade
mais me ambiciono,
menos possuo,
mais me enriqueço.
Não poderei querer
o que jamais me pertencerá.
Pelos degraus do tempo
não basta apenas subir.
Enquanto estiver desperto
será injusto negar a vida.
E mesmo que esteja só,
deverei aceitar todas as multidões
e sentir todos os ventos,
mesmo os já soprados,
mas sem nunca me envolver.
Gosto da serenidade que me habita
no vale do que mais me importa.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Não quero acordar tarde
Anseio vencer-me nos limites.
Apuradamente olho e conquisto,
mas as armas já não acalçam as vítimas.
E o que outrora fora palco de ilusões e esplendor
é agora, a natureza que morre,
já sem esperança de primavera.
Hoje, pelos vistos, ainda tarda a lucidez
e persiste o desejo inconsciente de não ser Sol,
trancado na solidão de mim
e por tristeza de escuras nuvens.
Não quero acordar tarde,
para que me consiga no amor, livre e Eu.
Arrependimento
passei por um jardim,
perto de minha casa
e vi umas exuberantes hortências.
Durante a noite fui colher as que tinha cobiçado
e já bem escolhido,
para com elas enfeitar, numa jarra de porcelana,
a minha sóbria sala-de-estar.
Depois de o arranjo corresponder às expectativas,
olhei, e o que ali estava exposto
era o sexo, que violentamente tinha arrancado
àquelas belas, sadias e pacíficas plantas;
a promessa de sua continuidade.
No dia seguinte voltei ao canteiro,
onde permaneciam encantadoras.
Envergonhado pedi-lhes desculpa,
para que todo o Kósmos,
também aceitasse o meu arrependimento.
Filhos escolhidos
quando continuamente estamos
demasiado submissos
ao que nos controlou a vontade,
a vida inteira,
condenando-nos a hábitos de não sermos nós,
o que é nosso
e faz parte do caminho
já traçado,
escolhido...
Não é o sacrifício
que nos salva das culpas que não nos pertencem.
Tudo tem o seu tempo
e ele voa;
um pássaro sem poiso,
e nós crescemos tão lentamente.
O futuro está no inconsciente mais profundo de nós,
e nunca perceptível,
o abismo que nos liberta,
mesmo que o queiramos contrariar a cada momento,
como se fossemos lúcidos
e os filhos escolhidos do Universo,
especiais...
quarta-feira, 6 de abril de 2011
As coisas que faço...
Nunca foram por ti,
como me convenço
e aparento.
Esta máscara altruísta
esconde quase sempre, a face de meu egoísmo.
Aceitando-me em tudo
e ter nada,
é tudo;
nada mais resta
para se ser animal
e deus,
poder receber
e dar, também.
sexta-feira, 18 de março de 2011
Os filhos são meus
Foram meus,
tão-somente, enquanto por mim criados
e têm de mim o amor que lhes (in)vesti
e ser-lhes-ei sempre, uma das naturezas mais próximas,
o tronco forte à proliferação no desejo maior de me perpetuar,
a sua sorte,
também eu,
e a individualidade,
o que se pretende tão livre,
como grandioso…
Mas, se a terra me escondeu do pomo
não me fez menos criador,
concebeu em silêncio o fruto de seu (des)amor.
Os filhos são meus
tão-somente enquanto crio.
Depois, são de ninguém,
fazem parte do infinito,
mas nunca deixarei de lhes ser,
e também co-autor,
sempre hoje e aqui.
Poema "Os filhos são meus" dedicado ao Dia do Pai!
Desinteressante
e a hora é tarde,
ou estão os outros desinteressados,
mesmo que tarde seja, para a hora certa,
ou a minha insuficiência anseia por mais,
que me consiga ainda levantar, ter descanso...
E haja ninguém que me seja no que falta,
ou queiram muitos o mesmo que eu,
e vivamos incompletos sem medida, nem tempo,
e quem sem querer nos queira
por que o que não nos sobeja
não abundará por aí, certamente,
como milésimos de segundo
e assim o que aparentemente interessa,
quase sempre é desinteressante,
(como eu),
até que se descubra o essencial e dê inteiro, devagar,
sem que constantemente se retroceda, e erre,
e force demasiado os ponteiros de todas as horas,
e eles se desfaçam, para sempre,
como nós,
mais tempo,
menos tempo.
quarta-feira, 2 de março de 2011
O já
nem ser convencido por desmesurado optimismo,
ser filho deste incestuoso casamento com o mundo,
nem, pactuar, por sombras, com tamanha ancestralidade;
a ambição do poder que elege ao nada,
movida pelo desejo mais profundo de tudo,
o desassossego de revolta;
o vento que sopra diferente
e profana a instituída quietude.
O grande ideal,
que se consome no inatingível,
dissolve o chão, com o mar
e apaga o céu, com negra núvem,
das Inverdades.
A existência é o já,
por que longe de mais está tudo
o que acontece, agora
e nada poderei inovar, senão, me continuar,
sem que abone o que me resulta lá fora.
Caminhos
Por que escrevo?
Faço-o, para que me ledes,
sejais cúmplices deste meu engano
ou me ouça,
quando alucino
e me entupo a construir cantos.
E repito-me, infinitamente, entre mim
e outros que me invento,
mas, existem,
vestidos apenas de outras palavras,
achando que me procuro,
uno mais a mim,
e verso,
quando me invento à fuga
e desfaleço.
É bem mais forte poetar
do que, beber de um só trago
um grande bagaço,
ou fumar um grosso charro!...
Histórias
Sol ou noite
mais desejo tenho de, outros, subjugar,
escolhendo os mais vulneráveis,
para nesses, das frustrações de vencido,
me (re)compensar,
ter absoluto domínio,
e vangloriar, a sós, comigo,
convencido que sou,
o que nunca me possibilito.
E cada vez mais estreito e profundo
é o fosso deste desarranjo
que separa a noite do dia,
sem que (me) queira acordar,
dar o passo,
e assim possa eu,
assumir-me sol ou noite,
mesmo sem lua.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Os meus depois de nós
a ponte que liga a outras margens,
onde nunca chegámos, por medo,
ou, chegaremos, naturalmente.
O futuro do ideal, na perfeição a que nos impomos, sem que consigamos,
como se deles fizéssemos as armas de nossa vitória,
a continuidade da presumível essência, que ainda submerge perdida, sem que se saiba,
mesclada pelas personas que mais se destaquem e que até a nós nos enganam.
Vítimas do nosso desassossego,
dominados por uma excessiva protecção, desde sempre,
pelas regras, que os conduzam, também, a um qualquer exercício de poder,
pelo hábito constante dos afectos, que incutimos e de estrategistas rotinas,
como se, a ingenuidade já não nos pertencesse e temêssemos somente pela sua cegueira,
e maturos tivéssemos sempre sido, mesmo perante os conflitos e as derrotas,
e só eles fossem incapazes de, destrinçar o perigo,
sem nós, sobreviver,
ou, não se perder num qualquer oceano do caos,
como se habitássemos em terra firme
e percorrêssemos todos os caminhos com a mesma segurança e certeza.
A responsabilidade que lhes forjamos,
por que outras terão a sua idade e o seu real confronto,
com as normas que, nos foram impostas, reinventámos, mas incumpríveis,
e tão subtilmente também as estendemos, à sua passagem,como se de flores se tratassem,
para que se sintam honrados,quando as pisam suavemente,
mas tão culpados, seja pelo sim ou não, quando fogem a essa delicadeza.
A liberdade.
Não, somente, a que nos roubaram; a de aprender.
Mas hipocritamente também, esta, a deles, desejamos, também tirar-lhes,
ofertando-lhes tudo, prendendo-os... A nada!
Fruto sagrado do amor,
mas mais no que neles, sem querer e por crer,
é em nós, primeiro, que pensamos.
E os mesmos receios que nos impedem de viver,
os definham no crescer e na sorte da feliz descoberta.
Os meus, depois de nós, herdeiros,
aprendizes do bem e de muitos erros que transmitimos,
por que também assim os tomámos,
sem que aprendêssemos a escolher entre silêncio e a revolta.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Urgente
de tudo, aqui,
mas ainda me respiro,
por um fio de coragem,
que constantemente me (re)povoa,
por tanto, eu nos querer e acreditar.
Por entre muitas dores de infortúnio,
e mais a vil moeda com que pagam,
há uma leve brisa soprando esperança,
por um outro qualquer lugar,
também daqui,
a quem se ouse ter,
agora, a coragem do protesto,
espalhar na praia, de tantas partidas,
consentindo todas as ondas,
almejando o que de bom,
possa trazer o mar
por ser a terra uma miragem;
esgotada deste fado,
estéril,
um reino, sem reino…
Estou mais que morto
de tudo, aqui,
mas, mais do que eu
é quem se crê bem vivo,
superno
e inextinguível .
Mais do que o fim,
de uns,
é o recomeço,
para todos;
urgente!
E vós, daí,
também podeis ajudar.
Não pergunteis, como.
Quando se quer,
o que, tem de ser,
não é questionável,
estaremos bem mais além
mesmo que só se atinja...
Nunca.
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Não sei quem...
me possui e rege,
mostra o abismo e liberta,
ajuda e castra,
se anjo, homem ou mulher,
inocente ou ruim,
rico ou asno,
velho ou recente…
Muitos são,
sem que os admita
e tente contar.
Mas, quantos mais nego,
mais esses em mim estão,
como se fosse menos eu
do que eles,
tivesse de os saber
e vencê-los,
até chegar a mim,
outro que, não este(s),
não sei se me habita
já o futuro como presente,
conquisto a todo o momento
entre reputações e reveses,
temendo e desejando;
sofrendo,
amando.
Por que sem mim, houvera,
a intenção de, ou tê-los sido,
sem que se saiba ao certo,
e quiçá um dia serei eu todo,
também vós
e outros eternamente,
até mais além.
E tudo seja sagrado
por sempre o ter sido,
sem que se engane
e fuja.
É bem mais simples
ser-se
o que se é,
em tudo o que se seja,
para que se seja,
sem que se escute as horas,
(basta o ritmo cardíaco)
e deixar a mente tocar o céu,
como qualquer pássaro,
livre de escolher voar.
domingo, 30 de janeiro de 2011
Trilho
Outros caminhos são mais livres de percorrer
e adivinho-os, como se os desejasse, meus,
sem saber, deste, que incorro, sair e pisar fora,
me desprender ao que me sucede, pela frente, sem que escolha, e ilude,
para que o faça, quando se aprofunda, abre no chão, como se rio, eu fosse, e transbordasse as margens, sem que unisse distâncias,
e desaguasse na eterna indefinição,
e afogasse a sombra, de vez, como se não fosse naufraga
e me viciasse a sê-lo e a sentir-me nada,
e nele a convencer-me, tudo,
fadejado a dar-lhe sentido, a vida.
Há, um pequeno trilho de baixo dos pés,
mas, envolvido, será, o corpo pela natureza
e a alma, sempre, tangível com infinito,
e sempre uma borboleta anunciando a primavera.
sábado, 29 de janeiro de 2011
Não...
Quem por direito,
não saberá de violência,
para que instrua
a exceder-me
na inumanidade
e ser benfazejo?
Quem (se) agride,
por querer,
senão para que (se) sobreviva?
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Máscara
da face que, oculta,
e tem as feições do avesso,
não se sabe fitar,
se dissimula ao equívoco,
sem que se descuide
que se disfarça.
Gosto de me iludir
de palhaço;
umas vezes, rico,
outras, pobre,
nunca, ao que me perca,
para que não me seja
e me complete.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Conflito
que todos, em mim,
coabitem em harmonia;
inexequível.
E assim terei de (con)viver,
até me sobressair
e saber, domar
todas as forças,
entender o conflito,
como bem necessário,
me aceitar imperfeito...
O que se nega
ou esconde
é dor maior
e cobardia
de todo o agressor,
envergado de santo,
na selva da quadratura.