É por entre estas paredes
onde escrevo o que me digo,
que habito nas horas mortas
e me refugio em silêncio,
das exigentes rotinas de vencedores,
das expectativas a viris respostas,
do confronto em esforço com a dúvida,
da carência de quem mal se conhece...
Fecho-me neste berço de poesia,
onde atentamente tudo em mim observo,
rendido ao incentivo da procura,
na solidão que me conforta ao (re)encontro
do que fui, desde sempre,
e não me lembro,
até onde, por fim me completarei,
mesmo que esteja, longe desse entendimento,
em misterioso labirinto.
Estimulado, pelo desejo de liberdade,
a vencer-me no preconceito,
a lutar contra todos os medos do medo,
e a provocar a escrita ao movimento,
e a protegê-la de maus olhares...
Para que em brincadeiras de palavras
me construa à vontade, nos degraus
do que me eleva,
e provoca emoções
e me dá sentido...
E haja quem me queira
tão somente
pelas palavras,
e se sirva de minhas palavras,
se delas souberem mais de si
e de como brincar,
assim comigo,
para que se seja poesia,
para além de qualquer palavra,
e mais do que poeta.