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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Flor de Julho



Trovoadas de Maio*;
ainda de águas mil,
para que se limpem as ruas da alma,
e desabroche depois, identificada,
a flor de Julho**,
num campo de considerações,
pronta a parir,
o que apenas era sonho.

Nunca desistirei, de ti, ó cidade!


* 29Abr/18Mai11
** 9/26Jul11

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O Lírio

Temo essa palavra, Verdade,
mais do que quaisquer, inocentes mentiras,
mesmo que ditas por quem se diga entendido...
Creio no que me possa transcender
e eu deva abraçar incondicionalmente,
e nunca limite ao que me esforço por parecer.
Tudo o que dou foi aprendido,
mas quero saber muito mais;
ou serei o que deveria ser,
ou prefiro já não existir.
Haja Inteligência
que me combata a evoluir,
mesmo que nada compreenda,
me julgue(m) perdido no labirinto da caminhada...

O Lírio nascerá nas mentes fecundas
e será tão puro como as almas que o verão florir, em Si.
E a nuvem sagrada habitará primeiro sobre o vale dos Poetas,
antes de escalar as montanhas para se dissipar pelo mundo,
como palavras de uma só Poesia.

Na casa onde moro...

Na casa onde moro somos muitos.
Da minha espécie só eu existo, por enquanto.
O gato brinca comigo
e tem-me afecto,
como se fosse uma criança.
Os peixes oferecem-me tantas lembranças
e um bocadinho de oceano.
Espero o dia, em que me entre pela porta um qualquer pássaro,
que queira fazer dali, também o seu ninho
e um céu.
As plantas, rego-as com respeito,
como se fossem sabiamente velhas,
dão-se-me de tantos verdes
e em flor.
Outros, também lá vivem,
mas não são tão visíveis e sociáveis;
continuam a crescer...
Na casa onde moro,
todos temos o intuito de não sermos infelizes,
amando-nos,
e certamente, nos sentimos filhos do mesmo Ser,
desde o começo.

domingo, 17 de abril de 2011

Desembrulha-te

Não te olhes de fora
como os que te acham.
Descobre-te no que a sempre te negas
e assim verás no teu avesso
o que mais te importa.

Desembrulha-te
e admira a beleza de teu presente!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Tenho Deus como vizinho

Tenho Deus como vizinho.
A porta em frente à de minha casa
é uma das três principais de Seu templo,
a mais preciosa; abre-se por entre colunas estriadas,
que carregam enorme frontão,
onde estão inscritos uma pomba,
no centro de um grande círculo,
sobrevoado por dois anjinhos,
com uma cruz terminando, no topo de um corpo triangular.
Essa porta nunca se abre
e eu raramente entro pelas outras.
Ele sim, é testemunha de tudo o que acontece na minha,
quem entra e sai...
Ontem, escrevi-lhe uma carta
e pu-la debaixo da grande porta, durante a noite,
para que ninguém a encontrasse
e só Ele a lesse.
Nela pedia-Lhe ajuda,
para que me fosse devolvido um terço que perdera há muitos anos,
para que a oração de minha criação estivesse completa de sujeitos
e o verbo fosse Amar,
possuísse todas as contas...
Espero que o meu pedido se concretize
sem que se altere o brilho de todas as estrelas
e se for merecedor.

Sempre pronto ao suicídio

Se alguém em mim morrer,
deverá também sucumbir em si,
se porventura, quiser que renasçamos.

Eu estou sempre pronto, ao suicídio,
desde que seja por uma causa maior,
por Amor (ou) pela Vida!

Espero-me

Uma coisa é querer
e não conseguir,
outra é negar a oportunidade,
sem a experimentar.

Teimo em não me alterar
no que acredito,
domino,
ambiciono...
Mesmo que (n)isso seja medíocre.
E tanto há em mim!
Mas para me desbravar,
em muito devo, primeiro, perder-me
e sofrer,
para depois me salvar
e ser mais Eu,
no meio de um qualquer oceano.

Espero-me, amanhã,
no porto; naquele de que nunca se fala,
para logo de seguida partir,
sem sossegar.

Enquanto houver ventos
e marés, não se amainam velas.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Depois de crisálida

Eu sou, património de vida,
e muito mais do que me conheço,
para além deste, imenso edifício,
erguido por entre a natureza,
feito de argamassa de variadíssimas moléculas,
e que constantemente se (re)constrói
e tenta manter até à validade,
que lhe fora atribuída,
e seja capaz,
corpo revestido a pele e pelos,
como acabamento, aparentando sempre final,
com formas e características que tão bem o identificam,
com outros, mesmo, os mais semelhantes,
mas único!
E serei todavia responsavél por tudo o que transporto
até ao ínfimo de mim,
sem que saiba, agora, o valor de todo o meu tesouro de infinito,
nem de quando se concretizará a grande mutação
depois de crisálida.

Tudo está escrito algures
Haja, é alguém que saiba ler.

sábado, 9 de abril de 2011

(In)Feliz

É mais feliz
quem,já por nada se ilude,
mas antes se aceita
e luta,
e tem esperança de saber crescer,
e naturalmente, ser melhor.

É mais feliz,
quem não deseja a felicidade,
mas antes nunca ser infeliz.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Serenidade

Quanto mais me dispo,
mais me ambiciono,
menos possuo,
mais me enriqueço.
Não poderei querer
o que jamais me pertencerá.
Pelos degraus do tempo
não basta apenas subir.
Enquanto estiver desperto
será injusto negar a vida.
E mesmo que esteja só,
deverei aceitar todas as multidões
e sentir todos os ventos,
mesmo os já soprados,
mas sem nunca me envolver.
Gosto da serenidade que me habita
no vale do que mais me importa.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Não quero acordar tarde

Perversamente provoco.
Anseio vencer-me nos limites.
Apuradamente olho e conquisto,
mas as armas já não acalçam as vítimas.
E o que outrora fora palco de ilusões e esplendor
é agora, a natureza que morre,
já sem esperança de primavera.
Hoje, pelos vistos, ainda tarda a lucidez
e persiste o desejo inconsciente de não ser Sol,
trancado na solidão de mim
e por tristeza de escuras nuvens.

Não quero acordar tarde,
para que me consiga no amor, livre e Eu.

Arrependimento

Há uns dias atrás,
passei por um jardim,
perto de minha casa
e vi umas exuberantes hortências.
Durante a noite fui colher as que tinha cobiçado
e já bem escolhido,
para com elas enfeitar, numa jarra de porcelana,
a minha sóbria sala-de-estar.
Depois de o arranjo corresponder às expectativas,
olhei, e o que ali estava exposto
era o sexo, que violentamente tinha arrancado
àquelas belas, sadias e pacíficas plantas;
a promessa de sua continuidade.
No dia seguinte voltei ao canteiro,
onde permaneciam encantadoras.
Envergonhado pedi-lhes desculpa,
para que todo o Kósmos,
também aceitasse o meu arrependimento.

Filhos escolhidos

É tão difícil ver
quando continuamente estamos
demasiado submissos
ao que nos controlou a vontade,
a vida inteira,
condenando-nos a hábitos de não sermos nós,
o que é nosso
e faz parte do caminho
já traçado,
escolhido...
Não é o sacrifício
que nos salva das culpas que não nos pertencem.
Tudo tem o seu tempo
e ele voa;
um pássaro sem poiso,
e nós crescemos tão lentamente.
O futuro está no inconsciente mais profundo de nós,
e nunca perceptível,
o abismo que nos liberta,
mesmo que o queiramos contrariar a cada momento,
como se fossemos lúcidos
e os filhos escolhidos do Universo,
especiais...

quarta-feira, 6 de abril de 2011

As coisas que faço...

As coisas que faço por mim!
Nunca foram por ti,
como me convenço
e aparento.

Esta máscara altruísta
esconde quase sempre, a face de meu egoísmo.

Aceitando-me em tudo
e ter nada,
é tudo;
nada mais resta
para se ser animal
e deus,
poder receber
e dar, também.