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quinta-feira, 29 de abril de 2010

O sonho

O sonho
é maior que eu,
para que me imponha
a não vivê-lo.
Mesmo que me (des)iluda,
não me resignarei
à força da gravidade,
à cristalização...

O sonho
leva-me ao melhor de mim.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Não sei o hoje

Não sei o hoje.
Ainda agora nasceu.
Mas tão longe irão a horas
depois de bem alto ir o dia,
que de tarde será tão tarde,
até que finde a tristeza
depois de se pôr o passado,
e haja uma noite curta
entre o longo hoje,
e o esperançoso amanhã.

Não sei o hoje,
temo o que ainda não sei,
mas creio no (re)início.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Caminho

A vida corre
depressa de mais,
para que não só faça
o que me dá prazer,
mas também o que me é devido.

Nem sempre
entendo
este caminho
de ser,
a não ser
quando o sou,
caminhando-o.

domingo, 25 de abril de 2010

Outra vida

Dei-me outra vida,
entregando-me
entre braços da noite
ao que intensamente
me foi sonho,
e como eternidade
senti...

Quando acordei
logo ali, morri,
para que continue esta,
aqui
e agora,
motivada
por outros sonhos
que nem sempre
são realidade.

E teimo
em me querer de sonhos
sem primeiro me crer
e me sonhar.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Início...

Início
é referência,
caminho
é união,
fim
é propósito
e (re)início.
E inteligência
é tudo.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Um

Estou cansado
de ser só um
e um.
Quero ser
mais de um
e mais um.
E apenas um
para descansar.

Solidão

Sentir-me aqui,
nos confins do universo,
limitado a este pequeno mundo,
onde nem tudo
o que conheço desgosto,
e o que me é esquisito, atrai,
à espera que me descubram,
e me salvem,
sem certezas de futuro
e de haver alguma ponte,
dá-me angústia,
aumenta-me a solidão.

Crio esperanças,
invento crenças
e imagino-me como eleito,
e assim me compenso da pequenez
e ao medo do fim.

Não Te entendo,
e nada sei de Ti
mas muito provavelmente
sabes que existo.
E assim jogamos;
perdendo-Te sempre,
talvez para que, um dia,
Te aprenda...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Minha pequena horta

Trabalho com deleite
esta terra
que me sustenta.
Semeio cuidadosamente
e com preceito,
cada grão de vida,
que se fará luxuriantemente verde
e assim é desejado,
e se sobreporá,
pelo caminho da luz,
crescendo até aos limites de si,
ao castanho que me dá chão,
e sinto quando piso,
e cheiro quando lavro,
e me suporta e me prende
quando me evado sem mim...
E faço humildemente
da minha pequena horta
o orgulho do mundo,
para que o sacrifício da morte,
dê ao meu labor
um sentido maior,
e me recompense
da culpa,
e do poder
e de outras anomalias.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Não poderemos morrer...

Como pode o mal (ou o bem) de alguns
prejudicar muitos,
e haver tanto fanatismo
e solidariedade
por quem tão orgulhosamente
corrói
e tanto desprezo
por quem sem defesas sofre
e tristemente se perde?

Onde mora o homem de género;
capaz, de fazer nascer o futuro
e do amor que justifique sua grandeza?

Entre tanta pobreza
haverá quem, certamente,
esteja bem acordado
e pleno de sabedoria,
pronto para marchar
e a emergir do silêncio...

Não poderemos morrer
de inércia,
esvaídos de memórias.

Não poderemos morrer.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Mesmo como poeta

Tudo é um mistério,
até ao que me proponho,
sem nunca perceber bem a razão
do que ao certo me motiva
e me impulsiona
a esta constante procura
e mutação.
Os versos são como rios
difíceis de trancar
dentro da nascente,
de todas as recordações.
E pesado é o mundo
que carrego,
sem nunca entender,
se é mal
ou bênção.

Mas, valha-me o amor,
por que só nele
me acredito
e conduzo,
mesmo como poeta,
esperando que a vida se escreva
mesmo de poucos cantos,
mas belíssimos,
em poesia.